quarta-feira, 31 de março de 2021

Resumo da Aula 3 do Curso “Narrativas em Saúde”.

 

Características da Narrativa em Saúde

 

1 – Temporalidade

A narrativa habita o tempo.

O tempo habita a narrativa.

O tempo se torna humano através da narrativa.

 

2 – Singularidade

Captar o singular, o adoecer além da doença.

O adoecer torna a doença única para uma pessoa.

O adoecer pode ter sentidos profundos para o paciente.

A subjetividade tem papel no adoecer e na recuperação do paciente.

O cuidador e o observador também têm suas singularidades.

 

3 - Causalidade/contingência

Vínculos entre os eventos narrados.

O ser humano sempre busca algum sentido e estrutura nos eventos.

A relação causa/efeito é construção humana.

 

4 – Intersubjetividade

A palavra “subjetividade” é derivada de “sujeito”.

Não se trata de “objeto”, mas de “sujeito”.

O sujeito é aquele que sabe, que age, que observa.

Intersubjetividade:

quando dois ou mais “sujeitos” se encontram em suas subjetividades.

As narrativas podem lidar com a “intersubjetividade”.

 

5 – Eticalidade

As estórias podem desenvolver a Ética.

Além disso, o próprio ler e escrever pode ser ético.

Ler e escrever em saúde implica em responsabilidade.

 

Como fazer uma leitura minuciosa e atenta em literatura:

Atentar para os itens:

1- Enquadramento/contexto

Onde a narrativa se enquadra no tempo e no espaço.

2 - Forma

Prosa, ensaio, poesia, não convém ler uma forma como a outra. Pode impedir uma compreensão mais profunda do texto.

3 – Trama (intriga)

O encadeamento e a relação entre os eventos narrados.

4 – Desejo

Quais os desejos do autor com a obra.

Quais os desejos do leitor com a obra.

 

5 - Atenção, Representação, Afiliação

A leitura atenta é diferente da leitura casual.

A leitura atenta desenvolve a atenção.

Cada leitura é uma nova representação do texto.

É como se fosse um novo livro para cada um que lê.

A afiliação diz respeito a vínculos que provêm da atenção e da representação. Pode desenvolver uma “sintonia fina” no vínculo entre profissional de saúde e paciente.

 

sexta-feira, 12 de março de 2021

Medicina Narrativa e Interdisciplinaridade

 

Prof. Dr. Afonso Carlos Neves

 

     Um assunto que é repetido nas primeiras aulas sobre Medicina Narrativa é o fato dela ser um campo, uma atividade interdisciplinar. Nesse sentido, queremos explicar um pouco o que significa Interdisciplinaridade, pelo menos da maneira como usamos esse termo.

     A escrita sobre “disciplinaridades” começou no século XX, após a Primeira Guerra Mundial, na Inglaterra, em cujas universidades o estudo da Língua Inglesa e da Literatura Inglesa foi considerado como uma atividade “interdisciplinar” entre os variados cursos.

     Embora as “disciplinas” existam desde a antiga Grécia, o uso dessa palavra “disciplina” como se referindo a uma área do conhecimento   começa no século XX. Antes disso, se referia mais frequentemente ao sentido de ordem, hierarquia, seguir normas. No transcorrer do século XX, as antigas “cátedras” foram se tornando “disciplinas”.

     Após a Segunda Guerra Mundial, mudanças começam a acontecer no campo da Educação, entre elas a popularização do estudo em universidades, antes restrito. Gradativamente também aconteceu a passagem de Cátedras, onde o Professor Catedrático era um Chefe vitalício, para um sistema de “disciplinas” com chefia rotatória. Deve-se salientar que o nome em português “disciplina” para área do conhecimento nem sempre tem tradução próxima em outras línguas. Em inglês, por exemplo, é mais usado “Department” em vez de “disciplina”.

     Também após a Segunda Guerra Mundial começou-se a pensar a respeito da Educação de maneira epistemológica, buscando trazer para a contemporaneidade os modelos de ensino/aprendizado tradicionais. Os grupos que passaram a estudar esses fatores começaram a usar as palavras “multidisciplinar” e “interdisciplinar”. Em 1970, Jean Piaget lançou o termo “transdisciplinaridade”.

     De um modo geral, a palavra “multidisciplinaridade” é usada para descrever o modelo mais tradicional de ensino, onde uma pessoa que estuda no segundo grau sai, por exemplo, de uma aula de Matemática e vai para uma aula de Geografia; depois vai para uma aula de Português, e assim por diante. De modo semelhante, no curso universitário. Portanto, existe a convivência de várias áreas do conhecimento, mas com certa distância, cada área com sua linguagem e seu método. Com suas próprias barreiras e regras que ajudam a definir cada “disciplina”.

     No campo profissional, vale ressaltar que se pode encontrar uma atividade “multiprofissional”, que pode ser tanto “multidisciplinar” como “interdisciplinar”. Daqui a pouco vamos entender mais sobre isso.

     Eventualmente, temos a “unidisciplinaridade” em um local ou setor em que aconteça apenas uma única área do conhecimento. A maioria dos cursos universitários é bastante multidisciplinar, às vezes interdisciplinar. A unidisciplinaridade pode haver em uma atividade muito restrita fora da universidade.

     Portanto, a convivência “multidisciplinar” é bastante comum nas escolas e faculdades em geral.

     Na “Interdisciplinaridade”, passa a acontecer uma troca de informações entre diferentes áreas do conhecimento, de modo que passa a haver um compartilhamento de linguagens e de métodos, eventualmente se adota a mesma linguagem e o mesmo método em algumas situações.

     Na “multidisciplinaridade” existe de maneira mais forte a identificação de grupo, de profissão, de habilidades práticas próprias de um campo do conhecimento. Nesse âmbito, preserva-se a noção de “identidade profissional” e de identificação com os seus pares.

     Na “interdisciplinaridade” já os diferentes grupos passam a aceitar “correr o risco” de abrir suas fronteiras para outras áreas. Mas isso deve acontecer sem a perda da identidade da disciplina, pois como disse Moran “não há interdisciplinaridade sem disciplinas”. Nem a interdisciplinaridade e nem a “transdisciplinaridade” visam o fim das disciplinas. Como diz Edgar Morin, uma das maiores autoridades em transdisciplinaridade, tanto multi, como inter e como transdisciplinaridade têm suas áreas de atuação.

     Quando se tem alguém extremamente especializado em um determinado item, por exemplo, da Oftalmologia, de modo que essa pessoa seja uma das poucas capazes de fazer um determinado procedimento, esse é uma campo que se enquadra dentro da multidisciplinaridade. Eventualmente, esse profissional pode resolver fazer algum tipo de trabalho, prático ou de pesquisa, onde ele envolva pessoas de áreas de Ciências Humanas, ou ainda da área de Medicina Preventiva, onde haja necessidade de que todos possam entender sua diferentes linguagens, ou ainda que todos entendam do que se trata a temática em questão, ou ainda que usem métodos que possam ser comuns entre as partes. Pode ser que se inicie aí um trabalho “interdisciplinar”. Se todas essas pessoas estiverem trabalhando juntas, mas ficarem cada uma na sua área, aí será um trabalho “multidisciplinar”. Nesses dois exemplos, os trabalhos são “multiprofissionais”, mas no primeiro é interdisciplinar e no segundo é multidisciplinar.

     A Medicina Narrativa é interdisciplinar. Ela envolve diferentes áreas do conhecimento, fazendo com que diferentes disciplinas procurem trocar linguagem, conhecimento e prática, na medida em que tenha nas diferentes linguagens um campo comum em que essas áreas tenham que transitar.

     Depois poderemos falar de transdisciplinaridade, que também pode ser vista no canal do youtube de Afonso Carlos Neves Neuro.  

quarta-feira, 3 de março de 2021

Curso de Extensão “Medicina Narrativa: processo interdisciplinar no cuidado à Saúde”. 2021 Aula 1 - Resumo

Curso de Extensão “Medicina Narrativa: processo interdisciplinar no cuidado à Saúde”. 2021

Aula 1 – Resumo

Preâmbulos sobre a Neuro-Humanidades.

     Neuro-Humanidades corresponde a uma interface do Neuroconhecimento com as Ciências Humanas. Neste âmbito, consideramos que não há evento ou processo humano que seja “a-histórico” e nem “a-psicológico”. A dimensão histórica, social, coletiva e a dimensão psicológica estão sempre presentes, inclusive no campo científico. Também não temos a última palavra sobre qualquer coisa, nem todas as respostas. Enfocamos mais os vínculos e os processos entre as coisas do que as próprias coisas. A linguagem tem um papel fundamental no Conhecimento e a metáfora tem um papel importante na construção do Conhecimento.

     Temática “Narrativa, Saúde e Doença”.

     Neste item lembramos que no ano 2000 a Dra. Rita Charon criou oficialmente a Medicina Narrativa, embora várias iniciativas sobre narrativa já ocorressem no mundo.

     Para entender melhor o binômio saúde-doença podemos lembrar a origem do ser humano em sentido amplo, de modo que três fatores se interrelacionam: ser humano, cultura e linguagem. No momento em que começou a existir “ser humano”, conjuntamente também surgiram “cultura” e “linguagem”, significando que o ser humano já surge coletivo e não só individualmente. A coletividade é atravessada pelas individualidades e as individualidades são atravessadas pela coletividade. É nesse processo que vão surgir as noções mais remotas de saúde e doença.

     Desde sempre o ser humano desenvolveu narrativas sobre si, sobre os outros, sobre o mundo e sobre esses diferentes fatores correlacionados. Há quem diga que “a narrativa” desenvolveu a humanidade em um sentido para além do biológico. A narrativa teria “construído o tempo” para o ser humano e sua situação no espaço.

     Narrativa, tempo, espaço do ser humano construíram-se a partir da memória e, por sua vez, também construíram a memória e a memória coletiva no sentido cultural.

     Exercícios de narrativa podem educar a mente racional e emocional para o cuidado à Saúde. Vaillant chamou de emoções positivas: compaixão, perdão, amor, esperança, alegria, fé/confiança, reverência, gratidão. Essas emoções podem ser trabalhadas pelo trabalho com narrativa. Fazem parte de uma capacidade parental inata nos mamíferos do amor parental desinteressado. A cria dos mamíferos, principalmente dos seres humanos, é totalmente dependente dessa capacidade. O cérebro mamífero é “límbico e sensível”.

     Foi falado sobre a diferença entre “história” e “estória” (esta forma não pode mais ser formalmente usada) semelhante a “history” e “story” em inglês. Isso pode ajudar a ressalvar a diferença que existe entre “história clínica” e as “estórias” da vida do paciente. A Medicina Narrativa surgiu da atenção às “estórias” dos pacientes, a qual vai além da “história clínica” mais tradicional.

     Na temática “disciplinaridades”.

     A Medicina Narrativa é intrinsecamente “interdisciplinar”.

     Lembramos que uma atividade “multiprofissional” pode ser “multidisciplinar” ou “interdisciplinar”.

     Foi exposta a conceituação e diferença entre multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Essa conceituação voltará a ser abordada na aula 2.   

 

domingo, 24 de janeiro de 2021

Medicina Narrativa: processo interdisciplinar no cuidado à saúde. (2021)

 

Curso de Extensão

Ementa:

A Medicina Narrativa corresponde a uma abordagem da questão saúde-doença do ponto de vista da narrativa, da história do doente em seu sentido mais amplo, compreendendo não apenas aspectos biológicos, mas também sociais, culturais e de sua própria visão do adoecer. Nesse sentido, uma das ferramentas da Medicina Narrativa é a Literatura, além do estudo da linguagem. Esse processo pode aprimorar a percepção clínica, bem como fornecer mais elementos para a equipe multiprofissional que atua conjuntamente, seja no sentido diagnóstico como terapêutico.

Responsável: Prof. Dr. Afonso Carlos Neves

-      Prof. Dr. Afonso Carlos Neves – Professor Afiliado da Disciplina de Neurologia da Unifesp, Coordenador do Setor de Neuro-Humanidades da Disciplina de Neurologia. Mestrado e Doutorado em Neurologia (Unifesp), Pós Doutorado em Neurologia (UCSF) e Doutorado em Historia Social da Ciência (USP).

 

Público Alvo:

- Todos os interessados que estejam cursando nível superior ou já tenham concluído.

Link para inscrição:

 https://sistemas.unifesp.br/acad/proec-siex/index.php?page=INS&acao=1&code=19202

 

 

Carga horária: 44 horas, sendo 22 horas de aula teórica/seminários e 22 horas de preparação para os seminários, que dizem respeito a trabalhos com textos literários. 

Limite de vagas: até 80 alunos.

As atividades serão online pela plataforma Zoom https://us02web.zoom.us/j/9721023120

Programa: (horário das aulas: das 18:00 às 19:30 horas)

Aula 1 – 01/03

                Fundamentos da Medicina Narrativa I

Aula 2 – 08/03

               Fundamentos da Medicina Narrativa II

Aula 3 – 15/03

               Fundamentos da Medicina Narrativa III

Aula 4 – 22/03

               Fundamentos de Medicina Narrativa IV

Aula 5 – 05/04

              Fundamentos de Neuro-Narrativa I

Aula 6 – 12/04

              Fundamentos de Neuro-Narrativa II

Aula 7 – 19/04

             Fundamentos de Neuro-Narrativa III

Aula 8 – 03/05

             Fundamentos de Neuro-Narrativa IV

 

Aula 9 – 10/05

             Exercícios narrativos

Aula 10 – 17/05

             Exercícios narrativos

Aula 11 – 24/05

             Exercícios narrativos

Aula 12 – 7/06            

             Seminário I 

Aula 13 – 14/06

            Seminário II

Aula 14 – 21/06

            Seminário III

Aula 15 – 28/06

            Seminário IV

 

Bibliografia:

Boyd, Brian – On the Origin of Stories – Evolution, Cognition and Fiction. Harvard University Press, 2009.

Charon, Rita – Narrative Medicine – Honoring the stories of Illness. Oxford University Press, 2006.

Frank, A. W. – The Wounded Storyteller – Body, Ilness and Ethics. The University of Chicago Press, 2013 (1995).

Hawkins, A. H. & McEntyre, M. C. – Teaching Literature and Medicine. The Modern Language Association of America, New York, 2000.

Mehl-Madrona, Lewis – Healing the mind through the power of story. Bear & Company.

Mehl-Madrona, Lewis – The Use of History and Story in the Healing Process. Bear & Company.

Remen, Rachel Naomi – Kitchen Table Wisdom – stories that heal. Riverhead Books, 1996.

Remen, Rachel Naomi – As Bençãos do Meu Avô. Editora Sextante, 2001.  

Ricoeur, Paul – Tempo e Narrativa. Editora Martins Fontes, 2010.

Vol.1 – A intriga e a narrativa histórica.

Vol.2 – A configuração do tempo na narrativa de ficção.

Vol.3 – O tempo narrado.

Outras referências a serem citadas em sala de aula referentes a textos literários dos escritores Moacyr Scliar, Mário de Andrade, Lima Barreto, Thomas Mann, A. J. Cronin, Clarice Lispector e outros.

 

 

 

domingo, 21 de junho de 2020

Curso: Leituras do Corpo 2020

Leituras do Corpo
Linguagem do corpo, expressão do corpo e menos frequentemente “leitura do corpo” são termos que têm sido usados desde os anos 1960/70 a partir de enfoques inicialmente ligados à contracultura. Desde então, estudos sobre o corpo adquiriram centralidade na cultura ocidental. As Neurociências e a Psicologia trazem novos elementos a esses estudos. O corpo neurológico, identidade e tatuagem, corpo, saúde e sociedade, são temas abordados no curso, tendo como pano de fundo a pandemia do Coronavírus.

*Início das aulas: 23/06/2020
| Inscrições: https://forms.gle/vK8qWBhL7vZhzjnX9

| Valor: R$150,00

| Carga Horária: 10 horas

| Os encontros: Serão 5 terças-feiras, das 12h30 às 14h.
23/06, 30/06, 07/07, 14/07 e 21/07

| Aulas ao vivo à distância através da plataforma Zoom.

| Mais informações e dúvidas: cenpsiedu@gmail.com, (11) 98891-5505, @cenpsiedu (instagram).

| Coordenadores: Prof. Dr. Afonso Carlos Neves e Prof. Dr. João Eduardo Coin de Carvalho

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Aula 1 do Curso: Medicina Narrativa: Processo Interdisciplinar em Saúde. 2019.


     Este curso está inserido no Setor de Neuro-Humanidades da Disciplina de Neurologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo.
    O Setor de Neuro-Humanidades trabalha com as intersecções entre Neurociências e Ciências Humanas. No sentido amplo do termo, Neurociências, no plural, é uma designação que engloba os diversos campos de estudo com o prefixo “neuro”, além da Neurociência, no singular, propriamente dita, que se refere mais propriamente à Ciência Básica de Pesquisa assim denominada.
     Então, Neuro-Humanidades diz respeito a interfaces entre áreas “Neuro” e os campos de estudo como Filosofia, História, Sociologia, Antropologia, Letras, Literatura, Geografia. Portanto, trata-se de um campo “interdisciplinar”.
     Neste campo, trabalhamos com algumas ideias básicas que nos orientam. Para nós não existe processo ou evento humano que seja “a-histórico” ou “a-psicológico”, ou seja, não se pode desvencilhar qualquer campo do Conhecimento da História e da Psicologia. A história humana e a psique humana estão em qualquer processo humano. Afirma-se isso porque, eventualmente pensa-se que a Ciência (principalmente as Hard Sciences) seria algo que se faria por si, acumulando conhecimentos científicos, independentemente da história humana e da psique humana, sem depender de outros fatores que não seus próprios parâmetros.
     Também em Neuro-Humanidades colocamos que “não temos nem a única nem a última palavra sobre qualquer coisa”. Os diversos campos de Conhecimento podem usar os mesmos termos para significar coisas diferentes dentro de linguagem e contextos próprios de cada um desses campos. Deve-se situar o contexto e outros fatores dentro dos quais se esteja inserindo determinado termo ou conceito.
     Além disso, frisamos que não temos todas as respostas. Se ao fim de determinado estudo chegarmos a formular alguma pergunta, já pode ser um avanço em nosso estudo. O filósofo Henri Bergson dizia que quando formularmos nossos próprios problemas, seremos livres. Ele quis dizer que, em geral, somos educados para trazer soluções a problemas que já nos chegaram com esse título, “problema”, e já assim estruturados. Precisaríamos aprender a verificar se realmente se trata de um problema e estruturar a configuração do problema. Assim também as perguntas. Ao se estudar algum assunto, não necessariamente deve-se chegar a todas as respostas, mas eventualmente descobrir ou propor caminhos, quais as perguntas a serem feitas.
     Em Neuro-Humanidades interessa-nos mais os vínculos, as ligações, os processos entre as coisas, do que as próprias coisas. Mais os processos do que os fatos. Em nossa cultura temos forte influência do Positivismo do século XIX. A ciência positivista baseia-se na constatação de fatos e que esses fatos seriam indiscutíveis e que se caminha de comprovação em comprovação crescente na acumulação de conhecimento. Mas, a formação atual do Conhecimento, principalmente do Conhecimento Médico vem a partir da Medicina Baseada em Evidências, evidências essas que não são necessariamente fatos, mas decorrências de estudos diversos associados a Bioestatística e Epidemiologia. Na interface de Neuro e Humanidades, estando focados mais nos processos do que nos fatos, procuramos estudar elementos menos frequentemente elencados nos estudos habituais.
     Finalmente, a “linguagem”. Para nós a linguagem é fundamental, não só a linguagem verbal, mas todas as formas de linguagem. No entanto, a linguagem verbal assume importância singular, na medida em que com ela se constrói toda forma de Conhecimento, incluindo o conhecimento “Neuro”. A linguagem precede até mesmo a noção de conceituações neurológicas básicas. Antes vem a linguagem, depois vêm os conceitos. “Ser Humano, Linguagem, Cultura” são elementos associados desde o início de sua existência. Cada um desses três fatores está fortemente e indissoluvelmente ligado aos outros dois.  Comer, beber, dormir, procriar são atividades básicas das diferentes espécies animais; mas no ser humano cada um desses fatores está sempre marcado pela Cultura, por elementos culturais; a Cultura que é fruto da convivência comunitária de seres humanos desde os primórdios em que se possa referir a “ser humano”. A conceituação de “ser humano” sempre implica em “comunidade”, de onde provém “a cultura”. Associada a ambos está a “linguagem”.
     Assim, a linguagem é a principal ferramenta, mas também pode ser obstáculo ao Conhecimento. Sua capacidade, suas possibilidades são também seus limites.
     Para ilustrar isso podemos lembrar uma passagem de Thomas Kuhn em sua coletânea póstuma “Depois da Estrutura”. Ele, que tinha formação como físico, ao estudar Aristóteles, achou estranho o conceito aristotélico de “movimento”. Em primeiro momento achou que Aristóteles nada entendia de Física. Mas depois ele veio a entender que “movimento” para Aristóteles tinha outro sentido: para ele, por exemplo, a metamorfose na natureza, de larva em borboleta, era um “movimento”. Ou seja, a ideia de movimento englobava também formas de transformação. A partir daí, Kuhn passou a respeitar Aristóteles e esse foi um dos elementos que o levaram a configurar sua ideia de “incomensurabilidade de paradigmas”, na medida em que eles usem diferentes linguagens e métodos.
     Outro aspecto sobre a linguagem diz respeito à importância da metáfora para o Conhecimento. A metáfora permite a passagem de palavras entre diferentes campos do Conhecimento, mas com sentidos associados, não exatamente os mesmos de seu campo de origem. Podemos pensar, por exemplo, nas diversas passagens da palavra “célula” desde sua origem como “pequena cela” quando vista pela primeira vez pelo microscópio por Robert Hooke, que associou o que via a “pequenos cômodos” que chamou então de células. Daí para diante esse termo percorre diversos campos do Conhecimento e mesmo da linguagem coloquial.
     Tendo visto esta introdução a respeito de alguns conceitos básicos para os estudos em Neuro-Humanidades, passemos então a falar da Medicina Narrativa como uma prática interdisciplinar na área da Saúde.
     Ao falarmos de “interdisciplinaridade” devemos entender esse termo. Ele costuma ser estudado com os termos Multidisciplinaridade e Transdisciplinaridade. Multidisciplinaridade é uma associação de disciplinas que segue um modelo praticamente iniciado com Aristóteles, embora ele mesmo não usasse esse termo de “multidisciplinaridade”; essa é uma conceituação que surge no século XX, a respeito do Conhecimento no sentido amplo do termo. Na Multidisciplinaridade, cada disciplina fica com seu método e sua linguagem, havendo apenas algum contato entre disciplinas. É o modelo tradicional, convencional da maioria das escolas. Já a interdisciplinaridade implica em uma permuta de linguagens e métodos.
     Devemos notar que a transdisciplinaridade não é um degrau acima de multidisciplinaridade e interdisciplinaridade. A transdisciplinaridade transversaliza as outras duas formas de associação de disciplinas, de modo que trabalha mais com uma espécie de metalinguagem e de “metamétodo”, do que com o próprio discurso intrínseco a cada área, ou mesmo com o âmago de seus métodos. Na transdisciplinaridade, também a Cultura, ou a Culturalidade sempre é levada em consideração.
     Visto isso, afirmar que a Medicina Narrativa é uma área interdisciplinar implica em indicar que ela dá espaço à permuta de linguagens e de métodos entre diferentes áreas do Conhecimento ligadas à saúde. Ao falarmos área da Saúde também podemos ampliar essa designação para saúde/doença, na medida em que ambas têm sua fundamentação de forma mútua, embora não sejam exatamente equivalentes de forma inversa.  
     A ideia de saúde/doença surgiu para o ser humano a partir da constituição do próprio “ser humano”, naqueles primórdios já referidos, em que há ser humano, linguagem e cultura surgindo associados. Dessa forma, a percepção de “sofrimento e dor” passou a ser algo presente, a partir do momento em que se tem “ser humano no mundo”.
     Pode-se eventualmente alegar que os animais também sofrem; o que é certo. Mas, mesmo esta conceituação vem do ser humano que pensa a esse respeito. Assim, a percepção e elaboração de alguma coisa que passe a ser nomeada como “sofrimento ou dor” é algo próprio do ser humano. “Nomear” é algo próprio do ser humano, como se lê no Gênesis a determinação para que Adão nomeasse todos os animais. Esse atributo verbal é bastante próprio do ser humano. Assim também no binômio saúde/doença temos a presença da linguagem.
      Frisamos que sempre ensinamos que “não existem doenças, existem doentes”. Isso significa que doenças são resultado da abstração médica a partir de sinais e sintomas. Sinais e sintomas similares podem significar uma doença em um século e outra doença em outro, porque ambas são construídas a partir do contexto histórico e do conhecimento do tempo presente de cada uma.
     Assim como o ser humano “nomeia” com sua linguagem verbal, também a partir da percepção de outras linguagens, ele discorre “verbalmente” a respeito dos eventos que o cercam. Isso usualmente, e inicialmente, a partir de noções de espaço e de tempo. Sempre o ser humano narra sucessivamente e comparativamente os eventos de sua vida e de sua comunidade desde os tempos primordiais. Desse modo, configuraram-se as narrativas. Entre elas, as narrativas das doenças. Talvez, paradoxalmente, as narrativas de doenças tenham precedido as narrativas de saúde, já que na medicina as noções de doenças são abstrações. No entanto, em tempos primordiais as “doenças-narrativas” tinham certos significados dentro do mundo cotidiano dos seres humanos, de um modo razoavelmente diferente da moderna conceituação científica de doença.
     Deixemos este debate para outra oportunidade. Agora comentemos um pouco sobre Medicina Narrativa.
     O termo Medicina Narrativa foi criado pela Profa. Dra. Rita Charon, professora de Medicina na Columbia University em Nova York, no ano 2000. A criação desse termo veio após longa vivência como médica e professora, bem como a partir de contato com a área da Literatura, onde fez doutorado. No ano de 2009, ela teve aprovado o programa de Mestrado em Medicina Narrativa na mesma Universidade. 
     Um aspecto que devemos ressaltar inicialmente sobre a Medicina Narrativa são os termos em português História e “Estória”. Estória” não é mais aceito em português há décadas. Mas já foi equivalente aos termos em inglês “history” e “story”. O primeiro para a história, estudo de como foi o transcorrer dos povos no tempo, com seus processos sociais, políticos, etc, e o segundo para os contos, os romances, os enredos. Eventualmente ambos se cruzam, ou se juntam. Com essa diferenciação, pode-se entender melhor quando estamos tratando, por exemplo, de “estórias” de um paciente, ou de sua história clínica. Ou ainda em literatura, quando se trata de história (history) ou de “estória”.
     Conforme a Profa. Dra. Rita Charon, da Universidade de Columbia, a Medicina Narrativa é uma medicina praticada com competência narrativa para reconhecer, absorver, interpretar e ser tocado pelas histórias (estórias) de doenças (e de doentes).
     A Medicina Narrativa busca:
-       Aumentar a capacidade de percepção clínica.
-       Levar a um cuidado mais humano, mais ético e mais efetivo.
     A Medicina Narrativa provém dos seguintes campos:
      - Humanidades e Medicina
      - Cuidados Primários em Medicina
      - Narratologia contemporânea (que é o estudo de estruturas e de elementos das narrativas)
     - Estudos de relação médico-paciente.
     - Literatura e Medicina
     - Cuidado centrado no vínculo indivíduo/comunidade/profissional da saúde
     O estudo da Medicina diz respeito ao estudo do ser humano. Tudo o que se estuda em Medicina, e além dela, vai, gradativamente, configurando o que se entende por “ser humano”.
     Profissionais da saúde precisam de meios para:
-       Singularizar o cuidado ao paciente
-       Reconhecer/perceber a ética profissional e os deveres pessoais ao doente
-       Produzir “correlações terapêuticas” com pacientes, entre profissionais e com o público.
     Hoje em dia, a falta de singularidade, humildade, responsabilidade, empatia pode ser provida, em parte, pela Medicina Narrativa.
     A atividade da medicina narrativa é compatível com uma prática multiprofissional.
     O que é multiprofissional pode ser multidisciplinar ou interdisciplinar. Cada um desses conceitos tem suas particularidades e tem suas intersecções.
Multidisciplinaridade: é o que já está presente desde Aristóteles. Corresponde a cada área do Conhecimento com sua linguagem e seu método.
Interdisciplinaridade: permite uma permuta de linguagens e de métodos, ou ainda a adoção da mesma linguagem e método por diferentes campos do Conhecimento.
Transdisciplinaridade: diz respeito mais a uma “metalinguagem” e “metamétodos”, ou seja, transversaliza diferentes campos do Conhecimento, mas ao mesmo tempo sem o tipo de envolvimento da interdisciplinaridade, já que aborda “linguagem e método” do “lado de fora”, ou seja sem submeter-se às condições e normas de linguagem e método dos campos. A transdisciplinaridade também inclui “culturalidade”, ou seja, admite no processo de Conhecimento as variáveis culturais. Também a transdisciplinaridade, por suas características, concilia paradoxos.
     São 3 os pilares da transdisciplinaridade:
1 –Níveis de Realidade.
     Deve-se admitir que a abordagem do Real pode acontecer em diferentes níveis de realidade, de modo que em cada nível há condições próprias. Não se pode reduzir todo o fenômeno a apenas um nível de realidade. Assim, este pilar também propõe uma atitude de “antirreducionismo”, ou “não reducionista”. Se, por exemplo, levarmos para o âmbito do ser humano, podemos ver que “ser humano” não se reduz ao nível da realidade biológica, mas há outros níveis de realidade, como cultural, social, entre outros, que vão compor a realidade do indivíduo.
2 – Complexidade.
     A Complexidade também é “antirreducionista” ou “não reducionista”.
     Uma forma de entender a complexidade é a frase: “O todo é mais do que a soma das partes”.  Assim, mesmo que se juntem todas as partes não se tem um todo. Isso porque o todo implica em alguma coisa a mais do que apenas se ter as partes. Passa a estar presente também o vínculo entre as partes, os fatores que unem as partes, a energia, os desdobramentos provenientes da existência desse todo que articula essas partes.                  
3 – Terceiro incluído.
     O terceiro incluído segue uma lógica diferente do “terceiro excluído”. Neste, em uma configuração lógica onde A e B não se correlacionam, o terceiro excluído corresponde a um “não A” e “não B”.
     Já no terceiro incluído, “não A” e “não B” podem implicar em “um C”, que possa harmonizar “não A” e “não B” em convivência simultânea. Os autores dão como exemplo dessa situação a conceituação física quântica de “quantum”. Isso acaba resolvendo a dicotomia entre as possibilidades de um fóton ser partícula ou de ser onda. No “quantum” essas duas possibilidades convivem em um nível de realidade acima de ambos. Assim admite o que é um paradoxo em outra instância. Vai além dos pares de opostos.
     Como uma espécie de quarto pilar temos a culturalidade já citada.
     Ainda sobre a Medicina Narrativa, pode-se dizer que também é:
-       Um reforço à anamnese tradicional
-       Uma recuperação do valor dessa anamnese no século 21.
-       Educação e prática de uma “escuta focada” e de “um olhar clínico” que direcionam as “decisões baseadas em evidência”.
     Protocolos médicos são boas ferramentas em mãos de quem raciocina a respeito de sua aplicação, adapta-os “à singularidade do paciente e de sua cultura”.
     Isso é possível a partir de uma boa anamnese, e do exercício narrativo.
     A Medicina Narrativa pode aprimorar no profissional de saúde a percepção de quando e quanto deve acrescentar de dados à anamnese, permitindo conhecer aspectos da vida do paciente que podem interferir no processo saúde/doença, e usualmente passam despercebidos.
     Além dos diversos profissionais de saúde, em seus aspectos interdisciplinar e transdisciplinar a Medicina Narrativa contempla espaços e interfaces com diferentes áreas do Conhecimento.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Curso de Extensão: Medicina Narrativa: processo interdisciplinar no cuidado à Saúde


Medicina Narrativa:
Processo Interdisciplinar no Cuidado à Saúde

Professores responsáveis pelo curso
Prof. Dr. Afonso Carlos Neves
Prof. Dr. Gilmar Fernandes do Prado

1. Ementa
A Medicina Narrativa corresponde a uma abordagem da questão saúde-doença do ponto de vista da narrativa, da história do doente em seu sentido mais amplo, compreendendo não apenas aspectos biológicos, mas também sociais e culturais. Neste sentido, uma das ferramentas da medicina narrativa é a literatura, além do estudo da linguagem.
Há diversas pesquisas a respeito da correlação entre as práticas narrativas e os estudos de neurociência, bem como o desenvolvimento neurológico. Pretendemos também abordar essa questão.
Todo esse processo pode aprimorar a percepção clínica, bem como fornecer mais elementos para a equipe multiprofissional que atua conjuntamente, seja no sentido diagnóstico, como terapêutico.
Inscrições:
http://www.unifesp.br/reitoria/proex/acoes/cursos-de-extensao-e-eventos/cursos-e-eventos

2. Objetivo
Fornecer noções do uso de literatura e práticas narrativas a alunos de graduação da área da saúde, bem como a profissionais da área da saúde e outros interessados.

3. Justificativa
Faz-se mister desenvolver atividades ligadas à linguagem, literatura geral e narrativas na área da saúde, haja vista o progressivo processo de desumanização nesse campo.

4. Metodologia
Serão ministradas aulas teóricas e seminários. Cada seminário será sobre um texto de um livro literário de autor conhecido. Os alunos apresentarão esse seminário a partir de roteiro fornecido em aula. Cada grupo de seminário deverá mesclar alunos de graduação com profissionais já graduados e interessados.

5. Critérios de avaliação
5.1. Presença (mínimo de 75% de presença)
5.2. Preparação e apresentação de seminário

6. Programação
Todas as aulas serão ministradas pelo Prof. Dr. Afonso Carlos Neves
01/10                  Fundamentos da Medicina Narrativa I
08/10                  Fundamentos da Medicina Narrativa II
15/10                  Fundamentos da Medicina Narrativa III
22/10                  Neuro-Narrativa e Neuro-Discurso I
29/10                  Neuro-Narrativa e Neuro Discurso II
05/11                  Neuro-Narrativa e Neuro-Discurso III 
12/11                  Seminários
19/11                  Seminários
26/11                  Seminários

7. Estratégias de divulgação - Publicação nos seguintes sítios eletrônicos:
7.1. Blog Narrativa e Saúde <https://narrativaesaude.blogspot.com/>
7.2. Blog Neuro-humanidades <http://neuro-humanidades.blogspot.com/>
7.3. Twitter do professor responsável <https://twitter.com/afonsocn>
7.4. Facebook do professor responsável <https://pt-br.facebook.com/afonsocarlos.neves.5>
7.5. Página institucional da CAEC-EPM <http://www.unifesp.br/campus/sao/camaraextensao>


8. Bibliografia
Abdounur, O. J. Matemática e Música: o pensamento analógico na construção de significados. Escrituras Editora, 1999.
Adorno, T. Indústria Cultural e Sociedade. Editora Paz e Terra, 2010.
Aristóteles. Arte Retórica e Arte Poética. Edições de Ouro, 1970.
Bauman, Z. Modernidade e Ambivalência. Jorge Zahar Editor, (1991) 1999.
Bauman, Z. O Mal-estar da pós-modernidade. Jorge Zahar Editor, 1997.
Bennet, M.R. & Hacker, P.M.S. Philosophical Foundations of Neuroscience. Blackwell Publishing, 2010.
Brian Boyd. On the origin of stories: evolution, cognition & fiction. Harvard University Press. 2009.
Canguilhem, G. O normal e o patológico. Forense Universitária. (1996) 2009.
Charaudeau, P. & Maingueneau, D. Dicionário de Análise do Discurso. Editora Contexto, 2008
Charon, Rita. Narrative Medicine - Honoring the stories of Illness. Oxford University Press, 2006.
Duarte, R. (org.). Belo, Sublime e Kant. Editora UFMG, 1998.
Eco, U. A Estrutura Ausente. Editora Perspectiva, 1991.
Eco, U. As Formas do Conteúdo. Editora Perspectiva, 1974.
Eco, U. Tratado Geral de Semiótica. Editora Perspectiva, (1976) 1991.
Edwards, B. Desenhando com o lado direito do cérebro. Ediouro, 2000.
Foucault, M. A Ordem do Discurso. Edições Loyola, 2009 (1971).
Foucault, M. As palavras e as coisas. Editora Martins Fontes, (1981) 2002.
Foucault, M. L’archéologie du savoir. Éditions Gallimard, 1969.
Fourez, G. A Construção das Ciências - Introdução à Filosofia e à Ética das Ciências. Editora Unesp, (1991) 1995.
Frank, A. W. The Wounded Storyteller - Body, Ilness and Ethics. The University of Chicago Press, 2013 (1995).
Frascina, F. et al. Modernidade e Modernismo - a pintura francesa no século XIX. Cosac & Naify Ed. 1998.
Freud, S. O mal-estar na Civilização. Imago Editora, 2002.
Hawkins, A. H. & McEntyre, M. C. Teaching Literature and Medicine. The Modern Language Association of America, New York, 2000.
Huizinga, J. Homo Ludens. Editora Perspectiva, 2010.
Ianni, O. Enigmas da Modernidade-Mundo. Editora Civilização Brasileira, 2000.
Jourdain, R. Música, Cérebro e Êxtase. Editora Objetiva, 1998.
Kleinmann, A. The Ilness Narratives suffering healing & the Human Condition. Basic Books, Inc., New York, 1988.
Leão, L. Interlab - Labirintos do Pensamento Contemporâneo. Editora Iluminuras, 2002.
Mehl-Madrona. Healing the Mind through the Power of Story - The promise of Narrative Psychiatry. Bear & Company. 2010.
Mehl-Madrona, Lewis. Narrative Medicine - The Use of History and Story in the Healing Process. Bear & Company. 2007.
Navarro, P (org.). O discurso nos domínios da linguagem e da história. Editora Claraluz, 2008.
Rossi, P. A Ciência e a Filosofia dos Modernos. Editora Unesp, 1992.

Obs. Para os seminários serão utilizadas obras literárias de autores diversos: Moacyr Scliar (Cego e amigo Gedeão à beira da estrada), Mário de Andrade (Macunaíma), Lima Barreto (O homem que falava javanês), Thomas Mann (A montanha mágica), A. J. Cronin (A cidadela), Clarice Lispector (Laços de família), entre outros.