domingo, 28 de agosto de 2011

Curso "Humanização da Medicina e seus Mitos" - Aula 2 - Parte 2 - O Mito

Curso Humanização da Medicina e seus Mitos
Aula 2 - Parte 2 - O Mito
Prof. Dr. Afonso Carlos Neves

A palavra “mito” é uma palavra bastante usada no dia a dia, principalmente pela mídia,
mais frequentemente com o sentido de algo ilusório, inventado enganosamente, ou mesmo como alguma forma de mentira.
O sentido “correto” das palavras é relativo e dependente de várias circunstâncias. O uso das palavras também constrói seus sentidos. Por outro lado, isso não desvaloriza a busca do sentido original das palavras. Esse sentido original pode ser revelador de valores próprios da comunidade dentro da qual surgiram esses termos. Deve-se ressalvar que o entendimento do sentido original das palavras por vezes pode ser apenas aproximado, na medida em que a distância no tempo possa dificultar essa compreensão em profundidade.
Assim, o mito como uma “interpretação falsa” do real pode conduzir ao entendimento de que o melhor entendimento do real vai conduzir do mito à realidade. Desse modo, há trabalhos que se subintitulam “do mito á realidade”, como se fosse uma caminhada da escuridão para a luz, ou da ignorância para o conhecimento.
Em nosso estudo dos mitos, podemos dizer que, dependendo de a qual mito se referir, podemos dizer que o Mito talvez seja “mais real” do que aquilo que esteja sendo chamado de “realidade”.
Muitas vezes, com o passar do tempo, o Mito fica e aquilo que pensamos ser a Realidade passa, dependendo de qual seja o conceito ou o discurso a respeito do Real.
Comumente ao Real que é aceito como “científico” dá-se o atributo de “verdade”.
Já ao Mito  que é “condenado” como “não científico”dá-se o atributo de “mentira”.
Apesar de todas essas considerações, é conveniente que aceitemos o sentido da palavra mito em seu uso cotidiano, bem como em outros sentidos, lembrando-se de que se deve observar o contexto em que esse termo está sendo utilizado.
“Mito”, em seu sentido originário do grego, pode dizer respeito a “narrativa”, “conto”. Oportunamente voltaremos a esse sentido original da palavra.
Agora queremos adiantar aqui alguns aspectos a respeito da ideia de “Mito Moderno”, como mais um sentido da palavra mito.
“Mito Moderno” diz respeito à pessoa ou entidade, real ou imaginária, que se torna uma espécie de “personagem” da sociedade, em geral veiculada pelas diversas formas de mídia.
Ou ainda a uma pessoa que se torna uma espécie de “marca” com um “valor agregado”.
Implica em certa carga de poder, em vários sentidos, e de fantasia.
Essa entidade dá nova forma e nova roupagem a significados que perderam sua expressividade na cultura moderna e pós-moderna.
Esta nova forma e nova roupagem não necessariamente recuperam a carga simbólica e emocional que acompanhava certos fenômenos antigos associados a mitos.
Conforme Mircea Eliade existem figuras “modernas” que substituem os antigos mitos, mas que não têm a mesma profundidade e conteúdo destes.
Nesse contexto, convém lembrarmos a origem dos termos “Moderno” e “Modernidade”.
O mais remoto que podemos ir em relação a “moderno” é com Cassiodoro, um estudioso romano do século VI. Após ter sido exilado por anos de Roma, ao voltar, Cassiodoro constatou que ninguém mais entendia a língua grega; percebeu estar vivenciando uma grande mudança social e afirmou estar vivendo em “tempus modernus”, ou seja, em tempos de mudança, de transformação, já que modo dizia respeito a “momento”. De maneira similar temos atualmente a palavra “moda”. Estar na moda é estar “no momento”.
A palavra modernus continuou sendo usada na Idade Média com esse sentido de atualidade ou momento, acompanhando certo dinamismo em discussões entre estudiosos ocorridas nesse período, contrariamente à impressão habitual que se tem da Idade Média.
Um discurso mais corrente sobre a ideia de “moderno” ocorre principalmente a partir do Iluminismo e pós-Iluminismo.
No século XVIII surgiu na França a discussão chamada de  “Querelles des anciens e des modernes” , ou seja, um debate a respeito do valor da imitação dos modelos clássicos gregos e latinos na arte.    
Na virada do século XVIII para XIX Hegel disse: “os novos tempos são os tempos modernos”.
Assim, nesse período há a referência a  “modern times” ou “temps modernes” para se referir aos 3 séculos anteriores. Localiza-se então em torno do ano 1500 a transição entre a época medieval e a época moderna.
A data de 1453, ano da queda do Império Romano do Oriente, mais especificamente a dominação de Constantinopla pelos turcos otomanos, é tida como um marco delimitador do início da Idade Moderna, com a migração de sábios gregos para o Ocidente, além de passar a haver uma dificuldade ao comércio com o Oriente pela rota de Constantinopla.
Acompanhando esse processo tem-se o incremento das navegações, que já haviam se iniciado em 1416 com o Infante Dom Henrique de Portugal e sua lendária Escola de Sagres. Em se tratando de mitos antigos e modernos, pode-se dizer que o Infante Dom Henrique e a Escola de Sagres são importantes entidades históricas com forte significado mítico entre o antigo e o moderno. Comumente ouve-se que não existiu uma Escola de Sagres no sentido de uma instituição formal com uma edificação e cursos regulares. Na verdade a Escola de Sagres dizia mais respeito a um agrupamento de estudiosos e conhecedores da navegação. Os feitos dessa Escola foram tão significativos que por si só carregam um  caráter mítico de um processo técnico e científico historicamente paralelo ao que ocorria no Renascimento italiano.
Alguns outros eventos que acompanham a Idade Moderna, além das navegações e a Descoberta das Américas são o Renascimento e seus desdobramentos bem como o movimento de Reforma religiosa.       
Economicamente foi importante o Mercantilismo e a instalação da “escravidão moderna”. Ora, podemos questionar se essa “escravidão moderna” seria o reviver de outro aspecto dos antigos gregos e romanos, além daqueles realçados pelo renascimento das artes e ciências da Antiguidade.
Assim, o que seria ser novo ou antigo? Ou ainda ser moderno?
Os termos “novo”, “antigo”, “moderno” também carregam certos valores agregados que têm algum caráter mítico e fazem um jogo de palavras e sentidos, ou seja: nem sempre aquilo que recebe o adjetivo de “novo” é necessariamente “inovador”.
Continuando o debate sobre o Moderno, devemos citar que o termo “Modernidade” foi consagrado pelo poeta francês Baudelaire em meados do século XIX referindo que:
“A modernidade é o transitório, o efêmero, o contingente”.
Já a noção de “Pós – Moderno” vem principalmente após a obra de Jean François Lyotard  de 1979 intitulada “La condition postmoderne”.
O Pòs Moderno diz respeito à era após 1950 onde a Tecnologia comanda a Ciência, o especialista inabilita o generalista. Reforça-se o debate entre “eficiente” e “não eficiente” e não mais entre “verdadeiro e falso” e entre “justo e injusto”. Assim reforça-se a ênfase nos resultados e relativiza-se os meios para buscar esses resultados.
Antes desse período havia certa visão “iluminista” de Ciência, no sentido de buscar a verdade. Essa visão passa a ser substituída por uma Ciência utilitarista que possa ser eficiente em busca dos resultados desejados.
No período Pós-Moderno o conceito iluminista de “Estado-Nação” passa a ser substituído pelo de “Globalização”. No fim do século XX a Globalização acentuada pelo seu caráter econômico passou a ser contestada por movimentos anti-globalistas diversos.
No início do século XXI o processo pós-moderno parece passar por uma crise e transição para algum outro formato de correlações entre estruturas e poderes no mundo.
De qualquer forma, este período ainda se faz marcar por um “atual fugaz”, ou ainda “um presente porvir”. Acentua-se o suceder de modismos e o mito da moda. Passa-se de “marcas de grife” para a “cultura de grife”, de modo que até mesmo a Ciência tem seus modismos e suas marcas, com certos assuntos enfocados com glamour pela mídia, mesmo que seja eventualmente uma doença.
Deve-se ressalvar que há autores que discordam do pós-moderno, achando que é apenas um desdobramento do moderno, ou mesmo discordam da noção de moderno.
    

sábado, 20 de agosto de 2011

Curso "Humanização da Medicina e seus Mitos" - Aula 2 - Novo Humanismo e Transhumanismo


Curso “Humanização da Medicina e seus Mitos”
Aula 2 – Parte 1 -  “Novo Humanismo – Transhumanismo”
Prof. Dr. Afonso Carlos Neves


Novo Humanismo
O autor David Cave em sua obra “Visão de Mircea Eliade para um Novo Humanismo” refere que Eliade detecta uma dimensão essencial do ser humano para o que ele, Cave, chama de  “um novo Humanismo” e que pode servir para abordar alguns aspectos referentes ao debate sobre o binômio “humanização/desumanização.em Saúde”. Assim, no discurso de Eliade referente a várias dimensões do ser humano que ele nomeia como: homo religiosus, homo sapiens, homo faber, homo ludens, homo loquax – Cave destaca o homo religiosus como uma instância do ser humano que o predispõe à necessidade de religar-se com o Todo. Esse aspecto está ligado a um desejo essencial “de ser” dos humanos e de buscar uma condição de “sentido” para a existência.
Comenta-se então que se trata de uma espécie de “postulado arquetípico” do ser humano.
Nesse “Novo Humanismo” de Eliade:
O indivíduo, “isolado e desmitologizado” da cultura moderna, passa a perceber parcialmente mitos e símbolos relacionados à existência humana, de modo incompleto e variado, mas sem preencher satisfatoriamente os pressupostos arquetípicos referentes à condição de homo religiosus.
Essas necessidades se superficializam em ficções, sonhos, festividades, ritos modernos e mitos modernos. Nessas diversas manifestações há certa persistência do um tipo de  caráter “mágico”, ou seja “não racional”, que se associa habitualmente aos mitos, de modo que atividades aparentemente racionais, podem estar carregadas de emocionalidade e de significados agregados além do significado primeiro de cada um desses eventos.

Transhumanismo
A palavra “transhumanismo” pode ter sentidos diversos.
Para Basarab Nicolaesco, físico que participou do Manifesto da Transdisciplinaridade (1994), o termo “transhumanismo” refere-se à condição de “oferecer a cada ser humano a capacidade máxima de desenvolvimento cultural e espiritual”.
Já para Nick Bostrom e David Pearce (1998), transhumanismo diz respeito a “ir além dos limites do humano” usando de todo recurso tecnológico que for possível.
Assim, propõem o uso da tecnologia para expandir as capacidades humanas de maneira ilimitada, supondo uma “superação do humano”.
Ora, desse modo, passa-se de “ser humano” para um ser “ser transhumano”.
Alguns supõem esse processo como uma nova forma de “Eugenia”.
Lembremos que “Eugenia” foi uma doutrina criada por Francis Galton (1822-1911), entre 1865-1883. Trata-se de doutrina influenciada pelo evolucionismo de Darwin, associado a uma teoria das raças que, no século XIX, adquiriu um discurso científico que se reforçava da noção de “seleção natural”. Esse tipo de ideia adentrou diversos campos de estudo, de modo que surgiu o que foi chamado de “Darwinismo social”, o que tendia a valorizar o indivíduo mais favorecido socialmente e a criar “camadas sociais” consideradas “superior” ou “inferior” umas em relação às outras.
Esse processo tornou-se cada vez mais uma ameaça aos mais fracos e vulneráveis.
Desdobramentos históricos desse processo acabaram por conduzir a regimes políticos totalitários e ditaduras que foram responsáveis por terríveis guerras e tragédias do século XX.
Assim, considera-se temerária a possibilidade de todo tipo de manipulação científica sobre o ser humano, de modo que possa “desumanizar” as pessoas nos mais variados sentidos.
Portanto, faz-se cada vez mais necessária a presença da Ética em todo e qualquer processo científico que envolva seres humanos, mesmo que, aparentemente, em um primeiro momento, seja para beneficiá-lo.
A Sociedade precisa estabelecer quais os limites éticos que devem determinar até onde é conveniente a Ciência interferir no que através de milênios configurou-se como “ser humano”.
Entre o Novo Humanismo e o Transhumanismo, no que diz respeito ao cuidado com a saúde, o ser humano fica entre buscar um “passado perdido” no significado mais profundo dos mitos, ou aprimorar-se entre a proposta transhumanista de Nicolesco ou ainda aquela do desenvolvimento tecnológico.  
Há quem fale ainda na possibilidade de um  “pós-humanismo” como superação do “humano”. Essa também seria uma forma de “desumanização”.
Será que uma “Medicina pós-humana”, ou uma espécie de “transmedicina tecnológica” seria ainda uma “medicina do humano”?
Austin Dacey pondera que alguma espécie de “filosofia pós-humanista” proveniente desses referidos processos, no fim das contas, só poderia ser feita por “seres humanos”. No fim das contas, todas essas reflexões são feitas por “seres humanos”.
Outros estudiosos questionam se em uma “ciência pós-humanista” haveria o objetivo de criar espécies “pós-humanas”?
Todas esses debates apontam alguns direcionamentos a respeito do entendimento do binômio “humanização-desumanização” em Saúde.



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Curso "Humanização da Medicina e seus Mitos" - Primeira Aula.


Curso “Humanização da Medicina e seus Mitos”
Aula 1 – Humanização – Anthropos e Homo sapiens
Prof. Dr. Afonso Carlos Neves

Passamos a discutir temas dessa natureza em 1985, na Escola Paulista de Medicina, quando iniciamos um “Grupo de Discussões sobre Humanismo e Saúde”. A partir desses encontros escrevemos, em 1988, o capítulo “Uma visão fenomenológica da Medicina”, no livro “Vida e Morte – uma visão fenomenológica”.
Essa atividade desdobrou-se em outros projetos e atividades nos anos seguintes.
Os termos “humanização e desumanização” começaram a ser usados na área de saúde, no Brasil, nos anos 1990, com alguns antecedentes nos anos 1970-1980. Em outros campos há o uso desses termos desde o século XIX e início do século XX.
Atualmente faz-se o seguinte questionamento:
Com todo o avanço da Medicina,
Com o aumento do tempo de vida,
Com as facilidades de hoje,
Por quê se fala tanto em
Desumanização da Medicina?
Alguns dizem que se a Medicina diz respeito ao ser humano, então ela já é humanizada por si só e não há o que humanizar.
Sendo assim, essa questão é um mito?
Ou existe um mito da humanização e desumanização em saúde?
Qual tipo de mito?
A mitologia teria algo a dizer sobre essa questão?

Na década de 1990 no Brasil, com as grandes filas de espera para atendimento nos hospitais e suas conseqüências iniciou-se o discurso:
“A Medicina está desumanizada”.
“A Medicina precisa ser mais   humanizada”.

O Verbo “humanizar” implica em  “tornar humano”. Ora, tal afirmação leva a pensar que há algo ou alguém “menos humano” ou “não humano”, produto da “desumanização”.
A sociedade adota novas palavras na medida em que modificam-se as dinâmicas sociais.
Por exemplo, observamos o fenômeno do “emergente”:
O antes chamado país subdesenvolvido, ou país de terceiro mundo, passou depois a ser chamado de país em desenvolvimento e atualmente passou a país “emergente” no contexto da assim chamada “globalização”, que também é uma palavra mais utilizada nas duas últimas décadas.
Assim também o “novo rico” na sociedade passou a ser chamado de “socialite” emergente.
Novas doenças agora também são doenças “emergentes”.
Somos surpreendidos pelo fenômeno do “emergente” a todo momento e esse discurso pode ser uma expressão do período pós-moderno, usada não só pela mídia, mas também pela Ciência.
O Emergente evidencia-se por uma palavra, ou imagem que velozmente cria ou se torna uma marca passageira ou duradoura.
De modo similar têm-se o binômio “humanização-desumanização” em saúde.

A questão do “humano” remete-se à ideia grega de Anthropos ou à conceituação científica de Homo sapiens.
Para avaliarmos esse aspecto podemos ver outros termos similares a humanização:
São Humanismo e Humanitarismo.
                                                      
Humanismo é um termo surgido no período do Renascimento e diz respeiro a um Movimento dos indivíduos que reavivaram o conhecimento clássico e a arte clássica – (se é que se possa chamar de “movimento”).
Renascimento ou Renascença ocorreu nos séculos XIV, XV, XVI e corresponde mais a uma invenção ou concepção dos pensadores iluministas e pós-iluministas (sec. XVIII e XIX), que assim também “inventaram” a Idade Média como “Idade das Trevas” e o Renascimento como o fim desse “período obscuro”.
Assim também a idéia de um movimento chamado “Humanismo”.
É certo que Escritores como Petrarca – (1304-1374) e Boccaccio –  (1313-1375) estavam atentos a mudanças conceituais entre os estudiosos, mas não tinham a noção plena do processo que depois foi consolidada por estudiosos de séculos seguintes.
O Humanismo dizia respeito à afirmação do filósofo grego Protágoras (485-410 a.C.):
   “O homem é a medida de todas as coisas”.
No período do Renascimento há um reavivamento dos conhecimentos dos gregos, de modo que há um buscar do Anthropos grego.
Um dos grandes nomes desse período é justamente Leonardo da Vinci (1452-1519).
 Este Artista de todos conhecido também era um minucioso cientista (se bem que este termo surge no século XIX). Ele estudou o corpo humano em detalhes e, de certa forma, lançou o “dividir para entender”, ou “separar em pedaços para estudar”.
Assim também o médico Vesalius (1514-1564) torna-se o “pai moderno” da Anatomia com processo de estudo similar.
Teve-se então ganhos e perdas: Ganhou-se em conhecimento do detalhe, mas perdeu-se no todo.
Portanto, o processo de “dividir para entender” não foi apenas obra de Descartes.
Já o Homo sapiens ( homem sábio) foi um conceito feito no esteio da classificação dos seres vivos feita pelo  médico Lineu (1707-1778) (no mesmo período dos iluministas).
Assim, o ser humano foi classificado entre os outros seres vivos, dentro de um entendimento científico.
Há um aparente ganho pela inserção no processo científico, mas pode ter havido também perdas, se essa coneituação for usada para restringir a complexidade do que significa “ser humano”.
A palavra Humanitarismo é equivalente a Filantropia:
   Philos – amigo   Anthropos – homem
No Ocidente o Humanitarismo tem origem judaico-cristã.
No Antigo Testamento constam máximas como: deve-se cuidar do pobre, do doente, do órfão,  da viúva, do estrangeiro. Esse discurso diz respeito a uma postura de proteção aos mais fracos.
No Novo Testamento a parábola do Bom Samaritano, que socorre um individuo caído que pertence a uma parte do povo que não era simpática aos samaritanos, torna-se um dos padrões de atitude humanitária.
Até os primeiros séculos d.C. os “hospitais” serviam para soldados feridos. Nos primeiros séculos da Era Cristã, senhoras romanas cristãs começaram a criar hospitais para recolher doentes pobres.
De certa forma, As Santas Casas que surgiram em Portugal no século XV são sucessoras desse tipo de estabelecimento.
Na segunda metade do século XIX a medicina começa a correr contra o tempo, após a criação da amestesia em 1846 e as primeiras noções de antissepsia na década de 1860.
Assim, começam noções de urgência e emergência, concomitante ao crescimento das cidades, á mecanização da sociedade, e ao confronto entre a cidade e o indivíduo.

Entre o Anthropos e o Homo sapiens está a “pessoa”. Esse termo deriva dos termos per sona (latim) – Maskara (teatro grego).Ou seja, (soar através) ... da máscara.
Aí se tem então “personalidade”, “individualidade”, “identidade” como atributos da pessoa, que na Era Moderna será confrontada de diversas maneiras em relação ao seu estado de “ser humano”.