sexta-feira, 2 de julho de 2010

Dinâmica de grupos: grupos-operativos

João Eduardo Coin de Carvalho - UNIP-Psicologia / UNIFESP-NECON

A prática do grupo operativo foi proposta pelo psicanalista franco-argentino Henrique Pichon-Riviere em 1947;


 
Objetivos
 
A partir das considerações de Kurt Lewin sobre grupos e da Psicanálise Kleiniana, seu interesse era promover dinâmicas que levassem em conta as condições sócio-históricas, isto é:
- contexto social e político
- contexto institucional
 
O grupo
 
Definição: “ conjunto de pessoas com um objetivo comum (...) que procuram trabalhar em equipe.”

Grupo Operativo: treinamento para trabalhar como equipe (retificação dos vínculos estereotipados)

O grupo operativo deve lidar com objetivos, problemas, recursos, conflitos.

E ainda com subjetividades e afetividade

O grupo é o lugar para uma teoria da ação.

O grupo se trabalha para poder trabalhar.

Na formação de todo grupo, se passa continuamente da serialidade ao grupo.

Presença de estereotipias: dificuldade e superação.

 
Definição

“Chamamos grupo operativo a todo grupo no qual a explicitação da tarefa e a participação dela permite não só sua compreensão, mas também sua execução” (BAULEO, 1969)

Ecro (Esquema Conceitual, Referencial e Operativo) grupo

Heterogeneidade dos grupos: homogeneidade da tarefa;

Aprendizagem do grupo é um processo contínuo e com oscilações: momentos de ensinar e de aprender;

A tarefa é a construção de um esquema referencial comum a partir dos ECROs particulares.


Papéis

Porta-Voz
Bode Expiatório
Líder
Líder da Resistência
Detentor do Silêncio


Pré-tarefa

Situação que paralisa o prosseguimento do grupo, apoiada em defesas que estruturam a resistência à mudança (protelar, gastar o tempo, movimentos que aparentam a ação, mas que na verdade não o são)

Tarefa

O momento da tarefa consiste na abordagem e elaboração das ansiedades do grupo (perda da estrutura e ataque à nova situação estruturada) e emergência da posição depressiva básica (consciência dos próprios limites), o que possibilitaria estruturar a tarefa possível no tempo e espaço. O grupo percebe os elementos em jogo e pode instrumentalizá-los.

Projeto

Estratégias e táticas para produzir mudança que modificam o(s) sujeito(s) que voltam a produzir mudanças e assim sucessivamente.


Referências Bibliográficas

PICHON-RIVIERE, H. O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes, 1986.

SAIDON,O. O grupo operativo de Pichon-Riviere. In BAREMBLITT, G. Grupos: teoria e técnica. Rio: Graal, 1986, p.169-203.
Instituições e saberes: a presença do imaginário e do simbólico

João Eduardo Coin de Carvalho - UNIFESP-NECON / UNIP-Psicologia


Instituição

Uma organização social que associa um grupo de pessoas que interagem entre si.

Inclui também outros requisitos como uma prática social e um conjunto de regulações escritas e/ou culturais que suportam esta prática, e que compõem sua dimensão simbólica

Uma instituição pressupõe ainda os vínculos entre estas pessoas e aquilo que se desprende deles, os atravessa, o imaginário institucional.

Irremediavelmente atrelado à sua dimensão simbólica, o imaginário determina a dinâmica do fazer institucional.

Os indivíduos numa instituição atualizam suas próprias histórias em meio ao atravessamento simbólico e imaginário a que estão sujeitos.

As relações e práticas mediadas por histórias individuais também constituem a instituição.

Toda instituição está ligada a uma história e a um contexto que referem a sociedade – e os conflitos – sobre os quais ela está situada.

E a sua própria história, o que inclui a história dos atores institucionais – agentes e clientela – e dos relacionamentos que a constituíram.


Análise institucional

A compreensão das instituições concretas se faz também através da observação de seus rituais (estereótipos), de seu fazer cotidiano.

A ação, desta forma, se faz tanto no campo simbólico como imaginário, retificando a materialidade institucional na construção de um espaço de relações e afetos que possa ser permanentemente reconstruído.

Intervenção

Intervir na instituição é buscar um funcionamento que privilegie a integração em todos os seus sentidos.

É tomar instituição e clientela como um todo multidimensional.

Fazer visível as forças que atravessam os saberes e afetos instituídos.

Confrontar estes cenários simbólicos e imaginários;

Transformar as realidades nas quais nos encontramos.


Referências Bibliográficas
BAREMBLITT, G. Grupos: teoria e prática. 2ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 1986.

CASTORIADIS, C. A instituição imaginária da sociedade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.

GUATTARI, F. Psicoanalisis y Transversalidad. Buenos Aires: Siglo XXI, 1976.

GUIRADO, M. Psicologia Institucional. São Paulo: EPU, 1987.