quarta-feira, 3 de março de 2021

Curso de Extensão “Medicina Narrativa: processo interdisciplinar no cuidado à Saúde”. 2021 Aula 1 - Resumo

Curso de Extensão “Medicina Narrativa: processo interdisciplinar no cuidado à Saúde”. 2021

Aula 1 – Resumo

Preâmbulos sobre a Neuro-Humanidades.

     Neuro-Humanidades corresponde a uma interface do Neuroconhecimento com as Ciências Humanas. Neste âmbito, consideramos que não há evento ou processo humano que seja “a-histórico” e nem “a-psicológico”. A dimensão histórica, social, coletiva e a dimensão psicológica estão sempre presentes, inclusive no campo científico. Também não temos a última palavra sobre qualquer coisa, nem todas as respostas. Enfocamos mais os vínculos e os processos entre as coisas do que as próprias coisas. A linguagem tem um papel fundamental no Conhecimento e a metáfora tem um papel importante na construção do Conhecimento.

     Temática “Narrativa, Saúde e Doença”.

     Neste item lembramos que no ano 2000 a Dra. Rita Charon criou oficialmente a Medicina Narrativa, embora várias iniciativas sobre narrativa já ocorressem no mundo.

     Para entender melhor o binômio saúde-doença podemos lembrar a origem do ser humano em sentido amplo, de modo que três fatores se interrelacionam: ser humano, cultura e linguagem. No momento em que começou a existir “ser humano”, conjuntamente também surgiram “cultura” e “linguagem”, significando que o ser humano já surge coletivo e não só individualmente. A coletividade é atravessada pelas individualidades e as individualidades são atravessadas pela coletividade. É nesse processo que vão surgir as noções mais remotas de saúde e doença.

     Desde sempre o ser humano desenvolveu narrativas sobre si, sobre os outros, sobre o mundo e sobre esses diferentes fatores correlacionados. Há quem diga que “a narrativa” desenvolveu a humanidade em um sentido para além do biológico. A narrativa teria “construído o tempo” para o ser humano e sua situação no espaço.

     Narrativa, tempo, espaço do ser humano construíram-se a partir da memória e, por sua vez, também construíram a memória e a memória coletiva no sentido cultural.

     Exercícios de narrativa podem educar a mente racional e emocional para o cuidado à Saúde. Vaillant chamou de emoções positivas: compaixão, perdão, amor, esperança, alegria, fé/confiança, reverência, gratidão. Essas emoções podem ser trabalhadas pelo trabalho com narrativa. Fazem parte de uma capacidade parental inata nos mamíferos do amor parental desinteressado. A cria dos mamíferos, principalmente dos seres humanos, é totalmente dependente dessa capacidade. O cérebro mamífero é “límbico e sensível”.

     Foi falado sobre a diferença entre “história” e “estória” (esta forma não pode mais ser formalmente usada) semelhante a “history” e “story” em inglês. Isso pode ajudar a ressalvar a diferença que existe entre “história clínica” e as “estórias” da vida do paciente. A Medicina Narrativa surgiu da atenção às “estórias” dos pacientes, a qual vai além da “história clínica” mais tradicional.

     Na temática “disciplinaridades”.

     A Medicina Narrativa é intrinsecamente “interdisciplinar”.

     Lembramos que uma atividade “multiprofissional” pode ser “multidisciplinar” ou “interdisciplinar”.

     Foi exposta a conceituação e diferença entre multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Essa conceituação voltará a ser abordada na aula 2.   

 

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