O século XVII
usualmente é chamado de Século da Revolução Científica. No entanto, deve-se
entender que essa é uma noção construída nos séculos XIX e XX. Ninguém do
próprio século XVII chamava sua própria época de uma época de Revolução
Científica e nem chamava aquilo em que se envolvia, nem mesmo os que se
envolviam com Ciência, de Revolução Científica. O próprio conceito de Revolução
ainda não existia. A noção de Revolução que será ligada à ideia de revolução
política só vai ganhar força a partir da Revolução Francesa em 1789, no fim do
século XVIII.
Portanto, a assim
chamada Revolução Científica foi construída séculos depois de seu suposto
acontecimento. Por outro lado, isso não tira o valor daqueles que propiciaram
ter-se essa ideia de que teria havido uma Revolução Científica no século XVII. O
que aconteceu de diferente nesse período foi o aparecimento de ideias que deram
início a métodos que levaram ao Conhecimento Científico.
Há que se entender
porque das noções de Conhecimento, em sentido amplo do termo, começa a ser
separado um tipo específico de Conhecimento que vai se consagrar como
Conhecimento Científico. Essa expressão vai se firmar na medida em que a
Ciência passa a se destacar do Conhecimento.
O aparecimento da
chamada Ciência Moderna nesse século XVII acompanha o gradual uso da linguagem vernácula,
em substituição ao Latim, para textos de Conhecimento ou textos científicos.
A linguagem da
Universidades era em Latim, porque desde o Império Romano e mesmo antes, na
República Romana, as pessoas aprendiam a ler e escrever em Latim. Com o passar
do tempo, isso se manteve, mas gradualmente os estudantes voltavam da escola
para suas casas onde cada vez mais se falava a língua local e cada vez menos o
latim. Assim, na medida em que a Idade Média avança, o Latim permanece como a
língua das escolas, onde se aprende, inicialmente, a ler e escrever, e
posteriormente o aprendizado mais elaborado de então. Na Idade Média (e desde
os tempos de Aristóteles) consolidaram-se o Trivium e o Quadrivium como modelos
de Ensino/Aprendizado. Como os próprios nomes sugerem, Trivium e Quadrivium
correspondem a três e quatro disciplinas de estudo. O trívium: Gramática,
Retórica, Dialética; o quadrivium: aritmética, geometria, astronomia e música. No
transcorrer da Idade Média surgem pré-universidades até que em torno dos
séculos X/XI começam as instituições inicialmente chamadas de Estudos Gerais,
antes de terem o nome de Universidades. Inicialmente há quatro faculdades:
Medicina, Artes, Teologia e Leis.
Nos séculos XVI e
XVII iniciam as Academias. Nessas instituições começaram as primeiras
atividades que podem ser consideradas como primórdios de pesquisas científicas
que vão configurar a Ciência Moderna. Nesse contexto que no século XVII as três
figuras, Francis Bacon, Galileu Galilei e René Descartes vão elaborar os
métodos de pesquisa que dão início à Ciência Moderna e à Ciência como separada
do Conhecimento. Mas devemos lembrar que a Ciência também é chamada de
Filosofia Natural até a transição do século XVIII para XIX.
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