domingo, 4 de novembro de 2012

Neurodiscurso do Fenômeno Humano - parte 1

Ao falarmos aqui sobre “Fenômeno Humano” estamos nos referindo mais especificamente a aspectos da obra de Teilhard de Chardin (1881-1955) com esse título.
Teilhard de Chardin foi um paleontólogo, filósofo, teólogo jesuíta francês. Um de seus trabalhos mais conhecidos em Paleontologia ocorreu em 1929 com a descoberta do Homo pequinensis. Ele publicou em torno de 400 trabalhos científicos.
Teilhard de Chardin foi um dos precursores da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade ao correlacionar vários campos de estudo em seus escritos de forma transversal. Em “O Fenômeno Humano” ele faz uso do discurso biológico, do discurso antropológico, do discurso histórico, do discurso religioso a respeito do “humano”.
Nessa obra esse autor também foi um precursor da noção de Complexidade e do Pensamento Complexo, bem como do Pensamento Sistêmico. Ele também fez uso do termo “Gaia” em um sentido semelhante ao que depois viria a configurar a “Teoria de Gaia” de James Lovelock a respeito do planeta Terra semelhante a um organismo vivo.
Assim, Teilhard de Chardin construiu um discurso interdisciplinar e transdisciplinar sobre o fenômeno humano. Esse discurso também inclui noções a respeito do sistema nervoso interligado ao discurso sobre o fenômeno humano.
Antes disso, pode ser oportuno falar-se de “discurso” e de “neurodiscurso”.
O termo “discurso” pode ser usado em vários sentidos. Aqui não estamos fazendo o uso coloquial do termo, mas sim o sentido intermediário entre filosofia e linguística.
Para a Filosofia Grega o “discurso” diz respeito ao Logos. O sentido mais comumente dado ao termo “logos” tem sido o de “estudo”, ou de “conhecimento a respeito de”. No entanto, em grego o termo “logos” primeiramente significa “discurso”. Assim que, por exemplo, têm-se no Evangelho de São João o uso do termo “logos” sendo traduzido como “verbo” ou “palavra”.
Desse modo, “logos” a respeito de alguma coisa significa “O discurso a respeito de um determinado assunto”. Assim, todas as “logia” que conhecemos são “discursos” a respeito de alguma “especialidade”.
Na filosofia grega esse discurso implica em um “conhecimento discursivo” que possa se estabelecer por uma sucessão de razões, ou uma sucessão lógica diferente de apenas um conhecimento legado pela tradição ou pela intuição.
Não queremos dizer que o sufixo “logia” só possa ser usado nessa condição, mas queremos acentuar o aspecto dinâmico que adquire ao ser entendido como “discurso”. O discurso implica em um “texto”, uma fala estruturada que tenha determinados objetivos e que esteja incluída em um “contexto”.
Há muitos estudos e discussões a respeito de diversos aspectos do discurso. Como, por exemplo, formas de análises do discurso. Entre estas é relativamente conhecida a abordagem de Michel Foucault, não necessariamente aceita por todos os estudiosos.
De qualquer forma, o nosso enfoque não é exclusivo a respeito de discutir em que consiste a análise do discurso em todos os seus aspectos, mas em acentuar que há um “neurodiscurso” a respeito do fenômeno humano.
Se há discursos construídos de forma diversa, pode haver um “neurodiscurso” que se estruture a partir de noções de neurociências e de neurologia e que tenha algo específico para dizer sobre o fenômeno humano, seja a partir de Teilhard de Chardin, ou ainda a partir do “conhecimento-discurso” provindo dos paradigmas neurocientíficos.

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