Nos últimos dias têm-se discutido bastante na mídia a respeito de ter sido adotado, em escolas públicas, um livro que (pelo que tem sido informado) relativiza a importância de ser ensinado o português formal, dando a entender que a escrita com erros de concordância é tão aceitável quanto aquela que respeita as regras gramaticais.
Queremos aqui inserir uma nova vertente nesse debate. Queremos lembrar do desenvolvimento do ser humano em conformidade com o desenvolvimento de seu sistema nervoso. Evidentemente, um ser humano é mais do que seu cérebro, mas este tem papel fundamental no aprimoramento das pessoas. Desde a mais tenra idade, os diversos estímulos recebidos pelo indivíduo configuram, moldam, aos poucos, o seu sistema nervoso e, concomitantemente suas potencialidades, suas capacidades cognitivas, suas possibilidades de aprendizado e de criatividade.
Nesse sentido, todo aprendizado que diga respeito à "linguagem" (não só a linguagem verbal, mas também as outras formas de linguagem) é enriquecedor em proporcionar às pessoas melhores condições de entender a si mesmo e ao mundo, de relacionar-se com seus semelhantes, de desenvolver-se como cidadão, de enfrentar as dificuldades da vida.
Nos dias de hoje, com toda a complexidade presente, com a necessidade de relacionar-se por diversos meios de comunicação, com o aprimoramento técnico nas mais variadas profissões, é imperioso que se propicie às pessoas a capacidade de entender e se expressar na linguagem verbal formal o tanto quanto for possível. Isso não tira o valor das linguagens regionais, variantes populares que devem ser preservadas e, inclusive, também podem ser aprendidas como forma de melhor compreensão de diversos modos de falar e de melhor entendimento do universo das várias comunidades humanas.
O Brasil e o mundo precisam de pessoas que tenham boas condições de entendimento e comunicação e que possam desenvolver-se profissionalmente. Isso passa por um sistema nervoso desenvolvido adequadamente, através dos mais diversos aprendizados. Negar essa possibilidade ao ser humano é negar seu direito à cidadania plena.
O cidadão, para desenvolver-se em condições plenas, não precisa, entre outras coisas, apenas de exercícios físicos, mas também de exercícios mentais, que lhe permitem boas funções cognitivas, que, inclusive, colaboram para a prevenção de quadros demenciais, hoje cada dia mais frequentes.
Portanto, quanto mais linguagens, melhor. Insere-se aí o ensino de línguas estrangeiras, que também colaboram no aumento da versatilidade cognitiva das pessoas.
Mais do que qualquer outra coisa, o Brasil precisa valorizar a educação.
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